No tempo em que o termalismo estava no auge, a vila viveu os seus momentos de glória. As suas qualidades paisagísticas e belezas naturais foram enaltecidas pelo escritor Ferreira de Castro, que por cá fazia férias, descrevendo as Caldas das Taipas como: "A terra onde a lua fala". No entanto, com o decorrer dos anos a vila sofreu um forte crescimento, primeiro devido à instalação expressiva da indústria de cutelarias, depois a população residente aumentou pelo facto de estar próximo de duas cidades - Guimarães e Braga, que provocou a expansão do aglomerado urbano com consequências muito negativas na paisagem.
Não sou propriamente um bairrista, mas não é por isso que deixo de afirmar que gosto de morar nesta terra. Aqui tenho as minhas raízes familiares e além de ter sido a terra que me viu nascer, também por cá cresci, despertei para o mundo e me fiz homem. Assim, foi com particular afecto que este domingo participei na Corrida das Caldas das Taipas, cujo percurso era efectuado por caminhos e ruas que tão bem conheço, que me trouxeram à memória belas recordações de uma infância e adolescência muito feliz por estas bandas. Desde as correrias para a escola primária, aos jogos do "mata" no adro da igreja antes da missa, a subida à torre para tocar o sino, passando pelas corridas de bicicleta nas margens do rio e as primeiras braçadas no açude da "praia seca". Relembro ainda a organização do grupo para, nas noites quentes de Verão, roubar fruta nos pomares das redondezas e uns aguerridos jogos de futebol entre os da "lameira" e os do "largo", são deliciosas lembranças que me fazem sorrir.
A segunda edição da Corrida das Caldas das Taipas, ainda revelou algumas debilidades organizativas no registo de tempos e elaboração das classificações, mas melhorando um pouco em termos de corte de trânsito em relação ao ano anterior. Contudo, o número de atletas a participar no evento a rondar os 250 entre os quais 20 femininos, confirmou a excelente adesão por parte dos clubes da região e dos muitos atletas do pelotão locais. Em termos competitivos a prova beneficiou com a presença de três atletas Quenianos, que se juntaram a um lote de atletas nacionais de créditos firmados. Os Quenianos venceram, naturalmente, tanto em masculinos como em femininos. O NATaipas apresentou-se na partida com 30 corredores, ajudando assim a promover o atletismo na terra. As minhas pernas a "correrem em casa" estiveram à altura, concluí os 9.600 metros do sinuoso percurso em 35m20s, o que se traduziu num 40º. lugar na classificação geral e um 5º. em veteranos 45-50 anos. Nada mau!!!